Quando chego em casa com os olhos vermelhos, vou direto para o quarto, porque minha mãe não pode nem imaginar. Tomo um banho gelado, escondo meu vestido e vou dormir.
No outro dia, vou à igreja com minha mãe. E mais uma vez o pastor fala " Quem quer entregar sua vida de fato e verdade para Deus, venha diante do altar e faça isso". Minha mãe me cutuca e diz pra eu ir.
Como sempre, faço a vontade dela, assim não fica me empacando quando querodar uns rolês.
Aproveitei o momento socegado em frente ao altar, e fiquei pensando em como faria para me encontrar com aquele garoto.
- Ah, tenho uma ideia. Vou combinar com a Beatriz para ir à casa dela e de lá eu saio com ele. Faço de conta que vou fazer um trabalho da escola. Eu sou muito esperta, engano quem eu quiser.
A oração acaba e eu nem percebo. Quando abro os olhos, as pessoas já estão se sentando. Mas o meu plano já está "bem bolado" aqui na minha cabeça.
O culto acaba. Ah, Graças a Deus, eu não aguento esse homem falando o tempo todo. Eu não entendo nada do que ele fala, e tem gente ainda que chora aqui. Pra que eu vou chorar, sou feliz como sou, não preciso de Deus para ser feliz, eu sou mais eu.
-*-
03 de julho de 2013, 02h58
Começo a sentir dores fortes na cabeça, acho que esse calor está cozinhando meu cérebro. Observo e vejo vultos passarem por todo lado, não há lugar tranquilo, apenas de tormento.
Medo? acho que não define o que estou sentindo, já não sei mais o que fazer, estou apavorada.
Eles passam por mim e zombam dizendo que eu nunca dei ouvidos à “Palavra do Homem de Branco”. O meu primeiro cigarro de maconha foram eles que me ofereceram e eu aceitei.
Eu sempre achei que foi o André que me deu, jamais imaginaria que era um enviado do inferno que estava usando o André para tirar a minha vida.
Vermes gosmentos começam a subir em mim, quanto mais eu tiro, mais eles vem.
Um dos monstros medonhos, me joga com violência no chão, e me manda ajoelhar diante de seu trono.
Agora eu sei, tenho certeza, estou no inferno, e aqueles vultos, que não me deixam em paz são demônios.
Não sei como sumir desse lugar, nem sei como vim parar aqui, só sei que não quero mais isso, quero acordar desse pesadelo, estou com tanto medo, tanto medo…
O desespero toma conta do meu ser.Eu estou totalmente consciênte . Tudo é muito nítido, muito real. Isso não é pesadelo… É real!
As dores, o cheiro insuportável, o fogo… O desespero… O desespero…
-*-
07 de março de 2013, 10h15 ( em casa)
- Mãe, não estou conseguindo entender essa matéria, minha amiga Beatriz vai me ensinar, posso ir à casa dela?
- Sim meu anjo, quer que eu te leve?
- Não mãe, não precisa, é aqui perto, vou lá e quando acabar volto direto para casa.
Como minha mãe é tola, coitada, acredita em tudo. É tão fácil enganar ela! O que eu não entendo é que sempre faz a mesma pergunta, eu tenho pernas, e que pernas, o André disse que são gostosas (risos).
Chego à casa da Beatriz e logo me encontro com o garoto popular, o André. Fico com ele a tarde toda.
É a minha primeira vez. Está sendo maravilhoso! A gente fuma um baseado antes, um cigarrinho de maconha, e depois ficamos juntos, beeeeem juntos, se é que você me entende (risos).
Eu não quero nada sério com ele e nem ele comigo, a gente apenas está curtindo, curtindo o que há de maiz prazeroso nessa vida.
Continua na próxima semana.
Beijo doce <3
Roberta.
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